Casa de mãe "quase" tudo podia
Cheiro de feijão cozinhando na panela de pressão
Ar de casa limpa
Brisa soprando na cortina branca da sala
Amiguinhos chegando para brincar
Cachorro latindo no portão
Televisão ligada no desenho do pica pau
Mãe ao telefone discutindo com minha tia sobre meu tio que bebia
Enfim, uma criança feliz numa casa brasileira com certeza !
Hoje moro na loucura da grande metropole
Num apartamento silencioso
Sozinho na janela cercado de grandes edifícios
Numa prisão da felicidade.
Não quero mais ser uma pessoa viva sem vida
Que anda sem rumo,
que só conhece o caminho do shoping
Como sair deste coma da alma ?
Já sei o que fazer !
Talvez se colocar uma planta na sala,
Nem que seja um vasinho de violeta.
Deixar as janelas sempre abertas,
Renovando o ar tão carregado
E quem sabe uma cortina branca de seda
para bailar com a brisa.
Arrumar um animal de estimação
Para ter com quem conversar quando chegar
E assim poder dizer: Querido, cheguei !
Vale até um peixinho beta.
Já na cozinha...
vou evitar frituras
Dar um descanso ao velho microondas.
Vou tentar cozinhar um feijão fresquinho
Sem se preocupar se vou queimar.
O importante nesta vida, é tentar !
E depois de um dia tenso,
Chefe estressado, congestionamento, ônibus lotado,...
Quero chegar no meu recanto,
me jogar no sofá e poder assobiar
E por que não colocar um cd com os hitz dos anos oitenta?
Isso sim será uma doce lembrança
Das discotecas que ia escondido do pai
chegando até pular janela depois que dormiam.
Essas escapadinhas já renderam muitos castigos
Hoje dizem que é brega anos oitenta
Mas o brega é sempre um clássico em alta
E como quem tira a garota mais linda do baile para dançar,
E sem medo de no próprio pé pisar,...
Um prá lá,
Um prá cá
Quem num momento de alegria, euforia, felicidade
não dançou sozinho ? Ou com uma vassoura ?
Chega de medo
Pare de vergonha
Largue de dedo
A vida é tão curta
A infância passa tão rápido
E com ela a essência da pura felicidade
E quando percebes já se foram
As doces lembranças !